sábado, 30 de abril de 2011

OBRA ANÁLOGA

ESTALAGEM 
CARANDAÍ - MG

Localização:



Opções de Hospedagem





Lazer




Atividades na Mata Atlântica



Cavalgadas



Roteiro Turístico da cidade

OBRA ANÁLOGA

Hotel Fazenda Planalto da Jaguara


O Hotel está localizado a 60km de Belo Horizonte e 30km do aeroporto de Confins, entre as cidades de Pedro Leopoldo e Matozinhos.














FOTOS FIDALGO

Fotos Fidalgo
 Distrito de Pedro Leopoldo - MG

Igreja

Estrada para Fidalgo


Casa de Fernão Dias


Lagoa do Sumidouro


Gruta do Baú


Capela Nossa Senhora do Rosário


Capelinha

ENTREVISTA

Entrevista

Nome Completo: Rogério Tavares de Oliveira

Idade: 41 anos

Cidade: Pedro Leopoldo

Formação:Psicologia e Especialização em turismo e desenvolvimento sustentável-UFMG

Atuação: Gerente do PE Sumidouro - IEF

 1) O que impulsionou a criação e execução do Parque Estadual do Sumidouro?
A mudança dos voos para Confins e a política de desenvolvimento do Vetor Norte metropolitano de Belo Horizonte.

2) Qual o programa feito para o Parque Estadual do Sumidouro?
O parque insere-se dentro de um programa denominado Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Norte e dentro de um circuito turístico, cultural, natural e científico denominado Rota das Grutas de Lund.

3)  O que a implantação do Parque traria de benéfico á população e a economia da cidade?
Localizado a cerca de 45 Km da capital e 18 Km do Aeroporto Internacional o parque traz oportunidades de investimentos em serviços de apoio ao visitante quanto serviços em que o mesmo pode desfrutar á partir da vivência e estadia pela região. Outro ponto é que uma área com gerência estadual no município pode trazer facilidades de acesso e melhoria de serviços relacionados á educação, saúde, segurança, transporte público, melhoria dos acessos, saneamento básico, oportunidades de postos de trabalho e geração de renda. O turista também se utiliza destes serviços.

4) A abertura do Parque trará a cidade muitos turistas, principalmente na época da Copa do Mundo. Você acha que Fidalgo possui infraestrutura para acomodar os turistas? Caso negativo, o que estão propondo para essa demanda de visitantes?
O Parque Estadual do Sumidouro foi incluído junto com outras sete unidades de conservação de Minas Gerais no projeto “Parques da COPA 2014”. Investimentos continuarão sendo realizados para dotar o parque de opções ao visitante. Em relação a Fidalgo, tal iniciativa é super bem vinda, porém precedida de um plano de negócios e um estudo de viabilidade ambiental. Existe uma proposta de se utilizar alguma sedes de fazendas no parque para serviços de hospedagens, mas são poucas e com restrição em relação a uma capacidade maior de leitos. Como não temos estrutura seria muito pertinente oportunizar a iniciativa.

5) Você acha que a implantação de um Hotel Fazenda em Fidalgo com diversas atividades recreativas e que incentivasse as pessoas com passeios ecológicos e culturais pela cidade traria uma benfeitoria para o Parque, a cidade e a população?
Como disse, tal iniciativa é super bem vinda, porém precedida de um plano de negócios e um estudo de viabilidade ambiental e muito treinamento buscando priorizar a mão de obra local, ainda sem maior experiência com a atividade do turismo.

6) A implantação do Parque conta com alguma proposta de hospedagem ou comercial como restaurantes, centro de convenções e etc?
Foi apontada no plano de manejo a necessidade de efetuar um plano de negócios para se avaliar através de estudos a perspectiva de concessão de espaços e serviços dentro do parque. Estamos aguardando desdobramento desta ação a cargo dos dirigentes dos órgãos governamentais envolvidos no processo.

Gruta da Lapinha ganha iluminação com 16 milhões de tonalidades

Gruta da Lapinha ganha iluminação com 16 milhões de tonalidades

Publicação: 29/09/2010 06:27 Atualização: 29/09/2010 06:57


Sistema não apenas vai encantar visitantes, mas também ajudar na preservação do ambiente
As cores vão do branco ao âmbar, passeando por 16 milhões de tonalidades diferentes para criar um cenário que, se já era espetacular, se torna ainda mais grandioso em sua história, beleza e encantamento. A Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, passou na tarde de terça-feira, com nota 10, por um teste que realça os salões cobertos de estalagtites e estalagmites e valoriza ainda mais as formações calcárias datadas de 600 milhões de anos. Satisfeito e emocionado, o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho acionou, pela primeira vez, a nova iluminação dessa joia da região cárstica, que consiste num sistema de lâmpadas do tipo LED (sigla em inglês para diodos emissores de luz).

“Com estas luzes coloridas, a Lapinha fica parecendo uma catedral, com a diferença de que, neste caso, foi obra do próprio Criador. A natureza, aqui, ganha de Leonardo Da Vinci”, disse Carvalho, enquanto observava o Salão das Cataratas, logo na entrada da gruta, que deverá ser reaberta em março, depois de receber investimento do governo estadual de cerca de R$ 4 milhões. Um dos pontos mais visitados de Minas, com cerca de 20 mil pessoas/ano e atualmente fechado para o turismo, o patrimônio natural e cultural é um dos expoentes da área de proteção ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa e do Parque Estadual do Sumidouro, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Também ontem, o secretário visitou as obras do Centro Receptivo Peter W. Lund – batizado em homenagem ao paleontólogo dinamarquês conhecido como dr. Lund (1801-1880) – o que torna a Lapinha a primeira gruta do país a ganhar uma estrutura, de 500 metros quadrados e dois andares, especialmente projetada para atender os visitantes. O prédio em construção terá charme bem particular, garantido por estruturas como uma passarela entre árvores, por onde os turistas vão chegar ao monumento e já entrar no clima de aventura, diversão e conhecimento. “O prédio vai ficar meio ‘na moita’, sem interferir na paisagem deslumbrante que a Lapinha oferece”, brincou Carvalho, acompanhado da coordenadora do Projeto Rota Lund, Natasha Nunes, e do coordenador do Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Norte/IEF, Roberto Alvarenga.

Mas ontem, mais do que nunca, o dia era das cores da atração maior do local, principalmente quando as primeiras luzes se acenderam para tornar a Lapinha uma festa para os sentidos. No lugar dos antigos holofotes, que aumentavam a temperatura do ambiente e provocavam o surgimento de fungos nos minerais, surgiram azuis magníficos, tons róseos, âmbar, branco e outros surpreendentes. O mais impressionante, no entanto, era ver vários ambientes iluminados ao mesmo tempo, num efeito que aumenta a profundidade e permite a perfeita harmonia entre o chão, as paredes e o teto esculpido pelo tempo. Alvarenga destacou que todas as escadas de metal existentes no interior da gruta manterão as luzes de segurança acesas permanentemente, para maior tranquilidade dos visitantes. Salão das cortinas, sala da filtração, figura da medusa – cada forma ganha ainda mais destaque diante dos olhos com o novo sistema. No lado de fora, já chama atenção de quem chega a demolição do antigo restaurante, o que permite que se enxergue o paredão da gruta. O local vai ganhar paisagismo novo.

Intercâmbio científico

No receptivo turístico, ficará a exposição permanente com cerca de 70 fósseis do Museu Zoológico de Copenhague, que serão cedidos pelo governo da Dinamarca em regime de comodato, explicou Natasha Nunes, adiantando que este mês será assinado um acordo de cooperação com a instituição escandinava. Durante as mais de quatro décadas em que viveu na região de Lagoa Santa, Lund enviou ao seu país uma coleção com 12.622 peças, a maioria encontrada na Gruta Lapa Vermelha – destruída por uma empresa na década de 1970, para fazer o tesouro natural virar sacos de cimento. O acordo inicial para a transferência do material foi selado no ano passado por Natasha, pelo professor da PUC Minas Castor Cartelli e por autoridades dinamarquesas. O receptivo terá museu, reserva técnica do acervo, auditório, sala de reuniões, banheiros, vestiário, estacionamento e lanchonete. A Rota Lund demandou recursos do governo estadual de R$ 11 milhões.

“Além do lado turístico, é preciso destacar a importância científica da Lapinha. O nosso objetivo é criar um intercâmbio com a Dinamarca, para fomentar as pesquisas paleontológicas. A gruta será um museu aberto”, disse o secretário. Também ontem, ele visitou as grutas do Rei do Mato (25 mil visitantes/ano), em Sete Lagoas, cujas obras de infraestrutura serão concluídas em dezembro, e Maquiné (40 mil visitantes/ano), em Cordisburgo, prevista para o ano que vem. Os dois monumentos, que ganharam iluminação nova, fazem parte da Rota Lund, destino turístico que integra ainda o Museu de História Natural da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de BH, e o Parque do Sumidouro.

Monumento à beleza

A Gruta da Lapinha, a 48 quilômetros de Belo Horizonte pela Linha Verde, fica em um maciço calcário formado há 600 milhões de anos. Foi descoberta em 1835 por Peter W. Lund, considerado o pai da paleontologia brasileira. Ele pesquisou toda a região e descobriu, em 1840, restos de fósseis do primeiro homem americano da raça de Lagoa Santa, além de animais pré-históricos, como o tigre dente-de-sabre e a preguiça-gigante.

No interior da cavidade, chamam a atenção as formações minerais de estalactites (no teto, resultantes do gotejamento de água) e estalagmites (no chão). Devido a essas formas, os 12 salões ganharam nomes sugestivos e curiosos, como Couve-flor, Cascata, Pirâmide, Presépio e Catedral.

Até hoje, Lund é a principal referência para estudiosos da paleontologia de mamíferos no Brasil, sendo o primeiro a registrar a presença de pinturas rupestres e a entrar em algumas das mais de 800 cavernas que explorou na região.

Com os milhares de fósseis que descobriu, o naturalista dinamarquês escreveu a história do período pleistoceno brasileiro. Criou a base para uma ecologia nacional, ao convidar o botânico Eugene Warming para fazer um levantamento do cerrado da região de Lagoa Santa, que originou trabalho publicado em 1840.



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Reportagem sobre o Ecoturismo

O que é Ecoturismo?

Segundo a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), o Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas.



Para o Instituto de Ecoturismo do Brasil, ecoturismo “é a prática de turismo de lazer, esportivo ou educacional, em áreas naturais, que se utiliza de forma sustentável dos patrimônios natural e cultural, incentiva a sua conservação, promove a formação de consciência ambientalista e garante o bem estar das populações envolvidas.

Das diferenças existentes entre o turismo comum (clássico) e o ecoturismo (turismo ecológico) ressalta-se que enquanto no turismo clássico as pessoas apenas contemplam estatisticamente o que elas conseguem ver sem muita participação ativa, no ecoturismo existe movimento, ação e as pessoas, na busca de experiências únicas e exclusivas, caminham, carregam mochilas, suam, tomam chuva e sol, tendo um contato muito mais próximo com a natureza. O ecoturismo ainda se diferencia por passar informações e curiosidades relacionados com a natureza, os costumes e a história local o que acaba possibilitando uma integração mais educativa e envolvente com a região.

Considerando que o Ecoturismo é uma tendência em termos de turismo mundial que aponta para o uso sustentável de atrativos no meio ambiente e nas manifestações culturais, devemos ter em conta que somente teremos condições de sustentabilidade caso haja harmonia e equilíbrio no "diálogo" entre os seguintes fatores: resultado econômico, mínimos impactos ambientais e culturais, satisfação do ecoturista (visitante, cliente, usuário) e da comunidade (visitada).

O nome “ecoturismo” é novíssimo, surgiu oficialmente em 1985, mas somente em 1987 foi criada a Comissão Técnica Nacional constituída pelo Ibama e a Embratur, ordenando as atividades neste campo.

Nos últimos anos, o Ecoturismo vem crescendo rapidamente, aumentando a procura por este tipo de turismo, o número de publicações, de programas de TV, de órgãos ligados ao assunto, etc. Segundo a Organização Mundial do Turismo, enquanto o turismo cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo cresce mais de 20%.

Para que uma atividade se classifique como ecoturismo, são necessárias quatro condições básicas: respeito às comunidades locais; envolvimento econômico efetivo das comunidades locais; respeito às condições naturais e conservação do meio ambiente e interação educacional - garantia de que o turista incorpore para a sua vida o que aprende em sua visita, gerando consciência para a preservação da natureza e dos patrimônios histórico, cultural e étnico.

Brasil: opção para todos!

Você pensa que o Brasil é o país das praias? Sim, mas possui também outros cenários que irão encantar os ecoturistas mais exigentes.

Seu cliente quer montanha? O Brasil tem. Tem montanhas, campos, rios, cachoeiras e cataratas. Quer dunas? Tem também. O Brasil tem dunas, pântanos, cavernas, florestas selvagens e trilhas em matas. O interesse é por fauna e flora? A do Brasil é colorida e diversificada. Tamanha generosidade natural oferece múltiplas opções para seus clientes: caminhadas, cavalgadas, mergulhos, passeios de barco ou uma simples observação da natureza.

Não importa o produto, não importa o segmento. O Brasil tem opções para todos os gostos.

Fonte: Embratur - www.embratur.gov.br

Obra Análoga: Garden Hill Small Resort

 

O pavilhão que abriga as unidades de hospedagem tem dois pavimentos. Os quartos abrem-se para a esplêndida paisagem
Sem alarde, bloco de hospedagem une-se à antiga residência
Apesar do nome, o Garden Hill Small Resort localiza-se na cidade mineira de São João del Rei. Projetado por Alexandre Bragança, Osmar Barros e Marcos Aguiar, o empreendimento inaugurado no final de 2005 é um híbrido de pousada e resort. Sua arquitetura, que interveio em residência existente e introduziu novas edificações no lote, não retumba; ao contrário, é silenciosa e reverente à natureza.
Localizado em São João del Rei, o Garden Hill Small Resort é, segundo seus idealizadores, o mais importante lançamento hoteleiro da área que cerca a Estrada Real, desde que ela foi definitivamente incorporada ao roteiro turístico do estado de Minas Gerais. Misto de requintada pousada e resort, o hotel reúne atrativos que valorizam e são valorizados por sua arquitetura correta.
O acesso ao hotel é demarcado por um pórtico construído em um dos lados da antiga residência
Um dos autores do trabalho, Alexandre Bragança conta que, no projeto, foram tomados emprestados do golfe (o hotel conta com um campo de nove buracos para a prática do esporte) conceitos que se refletiram nas instalações locais. “Exclusividade, refinamento, tranqüilidade e integração à natureza estão presentes em cada detalhe”, explica. Por isso, afirma ele, a arquitetura é silenciosa e privilegia a comunicação com o exterior. “Para nós, o resultado ficou bastante satisfatório e o segredo está no fato de que pudemos planejar desde o conceito do hotel até o talher utilizado no restaurante”, completa Osmar Barros.
O ponto de partida do projeto foi o campo de golfe e a residência que já faziam parte do sítio. A paisagem local fez com que os autores voltassem todas as instalações - apartamentos, suítes, restaurante, piscina e lobby bar - para o campo de golfe. Entre o novo bloco - um pavilhão de dois pavimentos que acomoda os apartamentos e as suítes - e a antiga casa não há conflito, apesar de pertencerem a épocas distintas. Os autores explicam que procuraram no novo prédio um desenho de formas neutras, puras e transparentes, sem pretensão de transmitir algo.
A casa - uma vila de ares espanhóis com arcos e telhados - teve seu interior integralmente reformulado para acomodar parte dos serviços - foram ali alojados recepção, lobby bar, banheiros. No exterior dessa edificação foi construído, de um lado, um pórtico que assinala a entrada do hotel; do outro lado da antiga residência está um deque de traço reto, que se prolonga em direção ao terraço e termina no pavilhão de hospedagem. O terraço desenhado em pedra e vidro aparece como o elemento ordenador dos espaços.
A iluminação ajuda a alinhavar a unidade entre os dois grandes volumes que formam o resort
O partido horizontal do conjunto é rompido por torres, elementos que os arquitetos desenharam com objetivo de promover o diálogo entre as construções. A arquitetura interior possui ares contemporâneos - o mobiliário é composto por algumas peças exclusivas e outros componentes clássicos do design. “Eles descartam modismos e dão certa perenidade ao interior do hotel”, pondera Bragança.
No conjunto, a relação entre interior e exterior é valorizada pelas fachadas de vidro e pela orientação das construções, todas voltadas para o campo de golfe. A intenção é evitar qualquer obstáculo à visão das pessoas.

Texto resumido a partir de reportagem
de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 320 Outubro de 2006

Alexandre Bragança formou-se pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (EAUFMG) em 1992, assim como Osmar Barros, que se graduou em 1996.
Desde 2001, eles são sócios no escritório Barros e Bragança Arquitetura. Marcos Aguiar também se formou em 1992 pela EAUFMG, instituição onde ainda cursou Estratégia de Marketing (MBA) e Lazer (pós-graduação)
A arquitetura de interiores é também de autoria dos mesmos arquitetos. Avessa a modismos, ela busca a perenidade
Bloco onde está situada a recepção do hotel: harmonia entre o novo e o existente
O centro de saúde está em cota pouco mais alta que a dos apartamentos do pavimento inferior
A transparência está presente em todas as dependências do hotel, uma vez que a paisagem é privilegiada
O deque em madeira construído em um dos lados da antiga casa está ligado ao terraço. Este funciona como elemento articulador entre o novo pavilhão e a residência que reúne parte dos serviços
Detalhe lateral do pavilhão de hospedagem, com volumes brancos que fazem contraponto ao muro de pedra
 
O centro de saúde, na parte inferior do terraço, é um dos atrativos do hotel localizado em São João del Rei
Assim como outras dependências, o restaurante tem áreas de transparências. Os autores trabalharam no projeto do hotel desde o seu conceito até a escolha de talheres

Sustentabilidade – Revista Techne


Certificação ambiental


Pesquisas mostram que edifícios sustentáveis reduzem em 30% o consumo de energia e em 50% o consumo de água. A procura pela certificação é grande, mas os desafios são maiores


Por Laurimar Coelho


Divulgação: Ventura Corporate Towers
Edifício Ventura Corporate Towers (RJ) certificado na categoria Gold do Leed CS (Core and Shell Development Project). A principal dificuldade para certificar edifícios como esse é encontrar profissionais capazes de simular o desempenho energético do conjunto

No ano passado, a arquiteta Beatriz Pacetta, que trabalha na Incorporadora e Construtora Trisul, em São Paulo, recebeu uma tarefa: visitar e analisar uma área na cidade de São Carlos, interior do Estado, onde seria implantado um novo conjunto habitacional. "Quando vi aquela imensa área verde, com araucárias e uma topografia interessante, percebi que tinha tudo para abrigar um empreendimento sustentável", recorda.

De volta à Capital, Beatriz não pensou duas vezes. Conversou com outros coordenadores envolvidos no empreendimento numa tentativa de convencê-los a certificar o conjunto habitacional. Já tendo conhecimento sobre os selos e certificações existentes no mercado nacional, passou a analisar qual seria o mais adaptado. Entre os argumentos da arquiteta, estavam sua experiência nos tempos em que trabalhou na França visitando empreendimentos sustentáveis pela Europa e a viabilidade de aplicação da certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental), desenvolvido no Brasil a partir da certificação francesa Démarche HQE.


"Falei com vários colegas de trabalho sobre a possibilidade de certificarmos o conjunto, mas havia um certo receio de todos. Quando me dei conta, já estava na sala do presidente da empresa para convencê-lo da minha idéia e deu certo", conta satisfeita. O projeto de São Carlos foi o projeto piloto durante a fase de adaptação da certificação Aqua Residencial para o Brasil. Atualmente, está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos.


No Brasil, são aplicadas atualmente duas certificações ambientais: o Aqua e o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), de origem americana. Há ainda os selos Sustentax e Procel Edifica, ambos brasileiros (veja quadro).


A escolha de Beatriz pelo Aqua tem uma explicação: "É o único que foi estudado levando em conta a adequação aos critérios brasileiros. Ele propõe a avaliação do desempenho global do empreendimento, durante todas as fases do seu ciclo de vida".


O Processo Aqua fornece parâmetros de análise para o gerenciamento dos impactos do edifício sobre o ambiente exterior (ecoconstrução e ecogestão) assim como para a criação de um espaço interior sadio e confortável.


O engenheiro Manoel Martins, auditor da Fundação Vanzolini e coordenador do Processo Aqua, explica que a prática da certificação ambiental é compatível não só com a realidade dos projetos comerciais, como dos habitacionais no Brasil. "Ao investir na qualidade ambiental dos edifícios o retorno com economia de água e energia elétrica é excepcional. Na França, por exemplo, 80% dos empreendimentos habitacionais têm certificação e os não-sociais com certificação chegam a 25%."

Preconceito

Ser sustentável no Brasil não é fácil. Muitos consumidores duvidam da reputação e da qualidade dos produtos e serviços sustentáveis, porque confundem sustentabilidade com ecologia, baixa qualidade, rusticidade etc. Acham que tudo o que é sustentável é mais caro e não tem ampla oferta no mercado, além de desconhecerem os critérios que os tornam verdes. No Brasil, apenas 29% das empresas desenvolvem alguma ação de modo a organizar uma rede de fornecedores socialmente responsáveis e 31% possuem políticas para efetivar "compras verdes".


Paola Figueiredo, profissional acreditada pelo Leed no Brasil e diretora do Grupo Sustentax, diz que, em geral, 10% das empresas que buscam o selo não conseguem chegar até o final do processo, uma vez que, além do produto em si, são analisados produtos complementares, muitas vezes de empresas terceiras.


Paola salienta que os produtos atestados e edificações certificadas têm diferenciais competitivos, uma vez que atendem a requisitos nacionais e internacionais. "Quando começamos a trabalhar com o Selo Sustentax achamos que o segmento de produtos que possuem compostos orgânicos voláteis, como tintas, vernizes, carpetes, adesivos, colas, entre outros, seria o primeiro a buscar a obtenção do selo, dadas as questões de toxicidade e qualidade ambiental interna. Mas isso não aconteceu num primeiro momento. Tivemos, sim, uma grande procura por fabricantes, por exemplo, de pisos elevados, uma vez que no Brasil eles enfrentam uma concorrência acirrada. E hoje percebemos todos esses segmentos empenhados nesse objetivo, incluindo a certificação de produtos de limpeza."


Pesquisa divulgada pelo Ibope em 2007 já mostrava que 52% dos consumidores brasileiros estão dispostos a comprar produtos de fabricantes que não agridem o meio ambiente, mesmo que sejam mais caros (veja recomendações no site do Conselho Brasileiro da Construção Sustentável para compra de produtos verdes). E 98% dos brasileiros alegam que trocariam de fornecedor se um produto fosse certificado, no levantamento da Accenture sobre mudanças climáticas para os consumidores, em 2008.

Capacitação profissional

Pesquisas realizadas por empresas de consultoria especializadas no segmento de construções sustentáveis mostram que empreendimentos verdes reduzem em até 30% o consumo de energia, em 50% o consumo de água, em 35% a emissão de CO2 e em até 90% o descarte de resíduos, além de garantir um ambiente interno mais saudável e produtivo. Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil, afirma que "a ideia da certificação não é impor limites ao mercado da construção civil e, sim, convidar os profissionais deste setor a participar de projetos sustentáveis de forma adequada. Estamos longe de ter um edifício 100% sustentável no País, mas caminhamos para isso. O Brasil oferece 95% dos recursos e da tecnologia necessários para este objetivo".


Na opinião do executivo, "ser verde não é ser mais caro, até porque o retorno financeiro do investimento ocorre em no máximo cinco ou seis anos. Hoje, grandes empresas multinacionais, como a Petrobras, por exemplo, buscam certificações ambientais em seus projetos. O que falta para o desenvolvimento deste segmento são verba e conhecimento".


Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construção da Tishman Speyer - empresa gestora de investimentos imobiliários à frente dos projetos dos edifícios Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo, e do Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro - ambos certificados Leed - afirma que a principal dificuldade enfrentada no processo de certificação é encontrar profissionais capacitados para fazer simulações de desempenho energético dos prédios. "Não basta projetar. É preciso comprovar a eficiência do edifício antes mesmo de sua conclusão por meio de softwares especiais. Alguns são sofisticados e outros até bem simples. Mas se você não sabe inserir corretamente os dados no programa não obtém resultados confiáveis."

Conheça os critérios de quatro certificadoras


 
   

Divulgacao: Leroy Merlin
Loja Leroy Merlin - Niterói (RJ)
Desde outubro, o Brasil mantém a primeira loja de varejo a receber a Certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental). Trata-se da unidade da Leroy Merlin - loja especializada em materiais de construção - que fica em Niterói (RJ). Quando resolveu certificar o empreendimento, o gerente de obras Pedro Sarro sabia que enfrentaria dificuldades para atingir seus objetivos, mas usou sua experiência pessoal em gestão de obras para alcançá-los. "A Leroy Merlin já contava com um projeto interno de sustentabilidade e resolvemos unir nossa experiência em gestão com essa iniciativa, aplicando tudo em uma de nossas unidades. Começamos pesquisando as certificações ambientais que já existiam no exterior, a exemplo do Leed. Mas vimos que no caso dessa certificação americana não havia muita relação com a nossa realidade. Optamos pelo processo Aqua, porque avalia a gestão e não somente o desempenho."
Mesmo a certificação Aqua, baseada na HQE francesa, precisava de ajustes. "O projeto da unidade de Niterói foi um piloto, porque estudamos juntos com o pessoal da Fundação Vazolini as adaptações que deveriam ser feitas no processo Aqua para adequá-lo à realidade brasileira", conta Sarro.
As dificuldades no início não foram poucas. O gerente de obras explica que foi preciso compensar alguns quesitos exigidos pelo Aqua e que o empreendimento não podia cumprir. "O processo prevê, por exemplo, que você deve utilizar material vindo do entorno do empreendimento em um raio de 200 km. Neste caso, como conseguimos atestar que nem tudo estava disponível nos arredores, isso foi possível compensar com outras medidas para atingir nossas metas de sustentabilidade como, por exemplo, o processo de reciclagem dos resíduos da obra."
Outras iniciativas favoráveis ao meio ambiente no empreendimento são o uso de piso de concreto polido, que dispensa cera ou removedor e requer pouca água para a limpeza; a criação de um depósito de 150 mil litros de água de reúso para os vasos sanitários, limpeza da loja e manutenção dos jardins; reaproveitamento do piso do antigo estacionamento que havia no local de implantação da loja; uso de tintas à base de água; válvulas sanitárias de duplo fluxo nos banheiros; mictórios que não utilizam água e nem produtos químicos na descarga; ar-condicionado com ajuste automático de temperatura; coletores solares para aquecimento da água e iluminação da fachada com leds, que gastam três vezes menos energia. A loja com mais de 17 mil m2 oferece 50% de economia de água e 17% de energia elétrica em relação a um empreendimento convencional deste porte.
O gerente lembra que não teria conseguido isso sem a ajuda de antigos parceiros da rede varejista. "Sem uma gestão eficiente da obra, tudo o que você planejou fica só no papel. É preciso contar com fornecedores em conformidade com seus objetivos de sustentabilidade e ainda ter mão de obra treinada, o que não é fácil porque o mercado da construção civil lida com profissionais nem sempre qualificados, como no caso de ajudantes de obra, por exemplo. Em geral, são pessoas que não conseguiram emprego em outras atividades que exigem maior nível de escolaridade e, ao trabalharem na construção, precisam ser orientados de forma correta."
Em todo o mundo, a Leroy Merlin mantém 800 lojas e a de Niterói, no Brasil, é a primeira a ser certificada. A obra levou 130 dias para ser concluída e todo o projeto - desde seu programa, concepção até a realização - exigiu oito meses de trabalho. Com a certificação, o custo da obra teve um acréscimo de 8%, mas Sarro calcula que o retorno financeiro deve acontecer em seis anos.

Marcelo Scandaroli
Rochaverá Corporate Towers (São Paulo)
Este complexo de escritórios de alto padrão em São Paulo recebeu a certificação Leed CS - Core and Shell Development Project, na categoria Gold, que comprova que o empreendimento atende a todos os requisitos necessários para aliar o máximo aproveitamento dos recursos naturais com a redução do impacto ambiental da construção - durante a obra e, também, no período de funcionamento do edifício. 
"Adotamos elevadores com sistema de antecipação de chamada e regenerador de energia para reduzir o consumo. O ar-condicionado também utiliza um sistema descentralizado, que possibilita seu desligamento quando não há usuários em um determinado ambiente", conta Milene Abla Scala, coordenadora do escritório de arquitetura Aflalo & Gasperini - responsável pelo projeto do complexo.
Para otimizar o funcionamento do sistema de refrigeração do edifício, houve um estudo detalhado da fachada, que ganhou planos inclinados e ficou com 59% de sua superfície opaca e 41% translúcida. Ela foi dividida em módulos para a realização de estudos do tratamento externo conforme a orientação solar.
As mesmas soluções implantadas em outros edifícios certificados projetados pelo escritório, como o Eldorado Business, de São Paulo, e o Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro, também estão presentes no Rochaverá, como o uso de vidros de alto desempenho, esquadrias com o máximo de estanqueidade, além da medição individualizada de água e energia elétrica. Somente a redução no consumo de energia elétrica deste empreendimento chega a 15%.
Para Milene, a certificação veio para reforçar um trabalho que no escritório já era focado no desempenho energético. "Ela traz uma abordagem ambiental que antes não era tão aprofundada no mercado nacional. Com a certificação, buscamos alternativas e nos surpreendemos com ótimos resultados obtidos a partir de soluções muitas vezes simples."
A arquiteta conta que em vários projetos no escritório houve a tentativa de utilizar persianas importadas e personalizadas, que são fabricadas de acordo com a orientação solar imposta ao edifício. "Mas descobrimos que apenas com o uso de vidro laminado, rolô e dimerização da iluminação junto à fachada, poderíamos obter uma eficiência energética superior."


Conjunto habitacional - São Carlos (SP)
O conjunto habitacional a ser implantado pela Incorporadora e Construtora Trisul na cidade de São Carlos (SP) poderá ser o primeiro empreendimento desta categoria a receber uma certificação ambiental no Brasil.
A empresa optou pelo processo Aqua, por julgá-lo adaptado à realidade brasileira. "É um modelo global que leva em conta os critérios de desempenho brasileiros", diz a arquiteta Beatriz Pacetta, coordenadora de arquitetura na Trisul. O conjunto, que atualmente está em fase de aprovação junto aos órgãos públicos, prevê a construção de seis edifícios de 12 andares cada, com seis apartamentos por andar, além de 167 casas com dois e três dormitórios cada. O local abrigava um antigo hotel-fazenda e oferece uma ampla área verde com mata nativa, que será recuperada e preservada, onde é possível encontrar espécies protegidas, como as araucárias.
"A busca pela certificação não é uma tarefa simples. Dificilmente um projeto atenderá a todos os itens existentes na certificação, mas é um excelente cheklist para se obter um projeto que respeite o meio ambiente", enfatiza Beatriz.
Para a arquiteta, o Brasil não está tão atrasado quanto se imagina em matéria de sustentabilidade. "Temos à nossa disposição excelentes profissionais e tecnologia suficiente para a obtenção de bons resultados", diz.
Além de um programa de preservação e manutenção da área verde, o empreendimento deve contar com soluções para a captação e o reaproveitamento da água da chuva, ventilação e iluminação naturais, reciclagem de lixo etc.
Outra iniciativa a ser implantada no conjunto habitacional é o sistema de informação ao usuário. "É preciso planejar muito bem a escolha de sistemas eficientes, para que haja uma real economia por parte dos moradores ao longo do tempo, a fim de garantir o resultado satisfatório das medidas implantadas em projeto", conclui Beatriz.

Divulgação: Ventura Corporate Towers
Ventura Corporate Towers (RJ)
Este edifício recebeu a Certificação Leed CS - Core and Shell Development Project, na categoria Gold, que trata da envoltória do empreendimento, suas áreas comuns e internamente com o sistema de ar-condicionado e elevadores.
Nas fachadas, a proporção entre as superfícies opaca e a translúcida (WWR) ficou em 58% translúcido e 42% opaco. O edifício incorpora vidros de alto desempenho, que reduzem os efeitos da incidência solar sem comprometer a entrada de luz.
Foram planejadas esquadrias com o máximo de estanqueidade, visando minimizar a penetração de ar (o que eleva a eficiência energética do sistema de ar-condicionado), sem comprometer a visão externa e a iluminação natural.
No quesito consumo, o Ventura conta com medição individualizada de água e energia elétrica. O elevador oferece sistema de antecipação de chamada (ADC) e regenerador de energia - que gerencia a energia gasta nas frenagens e arranques. Já o sistema de ar-condicionado é do tipo VRV (Volume de Refrigeração Variável), que opera individualmente por ambiente. Há, ainda, o sistema de dimerização da iluminação junto à fachada.
Para reduzir ao máximo o consumo de água, o edifício oferece reservatório para retenção de água de chuva com tratamento para reutilização. A água é destinada à irrigação. Há também o aproveitamento da água de condensação do sistema de ar-condicionado e em todo o edifício há aparelhos economizadores nas bacias, lavatórios e mictórios.
O projeto do Ventura priorizou o máximo de área verde permeável e o uso de acabamentos claros para evitar absorção de calor na cobertura. Os espaços destinados ao estacionamento têm ampla área coberta também para evitar ilhas de calor. Oferecem ainda vagas exclusivas para veículos movidos a álcool e GNV e um bicicletário.
No edifício, foram utilizadas madeiras certificadas e o projeto priorizou o uso de materiais fornecidos em regiões próximas ao empreendimento, minimizando o impacto com transporte na cidade. E o lixo produzido no empreendimento conta com depósitos especiais identificando baias e prateleiras para plásticos, metais, papel, papelão, vidro e orgânicos.