quarta-feira, 30 de março de 2011

Cavernas na grande BH reúnem joias pré-históricas

© Acervo Prefeitura de Lagoa Santa Gruta da Lapinha



Paleontologia é a ciência que se ocupa dos fósseis e dos registros biológicos com mais de 11 mil anos, indo desde pegadas a fezes petrificadas, passando por ossos de animais, folhas e outros elementos. Para chegar aos dias de hoje, essas joias foram conservadas por meio de mumificação, congelamento, âmbar, lagos asfálticos e outros. Em Minas, há áreas de destaque, como o Triângulo, a terra dos dinossauros, Norte, Noroeste e Sul, além do Vale do Rio das Velhas, principalmente a região cárstica de Lagoa Santa, na Grande BH, onde o paleontólogo dinamarquês Peter W. Lund, conhecido como dr. Lund (1801-1880), viveu mais de 40 anos e, por suas pesquisas usadas até por Charles Darwin (1809-1882), autor da teoria da evolução das espécies, é considerado o "pai da paleontologia brasileira". Até hoje, dr. Lund é a principal referência para estudiosos da paleontologia de mamíferos no Brasil, sendo o primeiro a registrar a presença de pinturas rupestres e a entrar em algumas das mais de 800 cavernas que explorou na região.

Para conhecer, na prática, importância do novo mapa, nada melhor do que visitar áreas de relevância para a paleontologia, que são objeto constante de pesquisas dos especialistas. Um bom exemplo é a Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa, unidade de conservação vinculada ao Instituto Chico Mendes (ICMBio), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que reúne, em 36,5 mil hectares, o Parque Estadual do Sumidouro, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), dono de um patrimônio natural, paisagístico, paleontológico, arqueológico e cultural sem limites. O local integra a Rota Lund, destino turístico que une o Museu de História Natural da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de BH, Parque do Sumidouro e grutas Rei do Mato, em Sete Lagoas, e Maquiné, em Cordisburgo, ambas na Região Central.

Tendo como guia o gerente do Parque do Sumidouro, Rogério Tavares, o EM conheceu algumas grutas da região, que fogem ao circuito turístico conhecido. Uma delas foi a Gruta do Baú, em propriedade particular, em Pedro Leopoldo, que guarda surpresas emocionantes e tem grande beleza cênica. Para chegar até lá, o clima é de aventura: mato alto, quase à cintura, nuvens de pernilongos, abelhas, umidade do solo, gotejamento e morcegos, felizmente sem nenhuma cobra à vista. Vale todo o esforço para encontrar, incrustado na parede de uma caverna, como joia preciosa de milhões de anos, o pequeno osso de um crânio, que, segundo Tavares, seria de um cervídeo.

É com satisfação que ele mostra o fóssil, para, em seguida, seguir para Gruta do Sumidouro, onde Lund encontrou 30 esqueletos humanos associados a ossos da megafauna, levando à evidência sobre a convivência de humanos com animais de grande porte. O lugar, de calma e exuberância, tem trilhas e mostra que todo esse patrimônio natural, formado por água, rochas e vestígios históricos, precisa ser preservado a todo custo. A APA Cárstica foi destacada pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), vinculado à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), como uma unidade de importância mundial.

Exposição
Muitos fósseis de Minas foram destruídos e grande parte seguiu para o exterior. Ao lado da Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa, o governo estadual constrói um receptivo turístico, que vai abrigar uma sala de exposição, na qual uma das estrelas será a mostra permanente de 70 fósseis do Museu Zoológico de Copenhague, que serão cedidos pelo governo da Dinamarca em regime de comodato. Durante mais de quatro décadas em que viveu na região de Lagoa Santa, Lund enviou ao seu país uma coleção com 12.622 peças, a maioria encontrada na Gruta Lapa Vermelha, em Lagoa Santa - destruída por uma empresa, na década de 1970, que transformou o tesouro natural em sacos de cimento. O acordo para a transferência do material foi selado, em 2009, entre autoridades mineiras e dinamarquesas. "O Mapa Paleontológico vai permitir maior controle e proteção de todo esse acervo. Esperamos que, no futuro, ele seja mais detalhado, mostrando a particularidade de cada província paleontológica, para evitar furtos e intervenções indiscriminadas nesse patrimônio", defende Tavares.

Um comentário:

  1. O patrimônio natural, paisagístico, paleontológico, arqueológico e cultural, tem sempre que ser reverenciados e preservados por todos. Eles contam a nossa própria história e nos ajudam a entender como tudo aconteceu até os dias atuais. Por isso a criação de parques como o do Sumidouro é de grande importância para que se crie uma estrutura a visitação desses locais para que todos possamos saber a importância histórica de nossas grutas e impedir a sua destruição.

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