quarta-feira, 30 de março de 2011

Turismo pelo Brasil entra na cesta da classe C

Com incremento da renda e crédito farto, emergentes devem movimentar R$ 11 bilhões com viagens neste ano



 Com mais dinheiro no bolso, as famílias da nova classe média decidiram gastar mais com lazer e impulsionam as vendas de pacotes de viagens para 2011. Juntas, as classes C e D devem movimentar R$ 11 bilhões com turismo de lazer neste ano, de acordo com projeções do Instituto Data Popular.

O movimento começou no ano passado, quando o acesso facilitado ao crédito e a ampliação da renda permitiram que muitos brasileiros da classe média emergente realizassem a primeira viagem de avião. Segundo o Data Popular, 8,7 milhões de pessoas dessas classes sociais farão sua estreia no transporte aéreo entre agosto de 2010 e agosto de 2011.

Para atrair esse novo público, as agências de turismo diversificaram as programações e flexibilizaram as condições de pagamento, oferecendo parcelamentos de até 12 vezes sem juros. O resultado foi o incremento, já em 2010, de 21% nas vendas de pacotes nacionais e de até 15% na comercialização de destinos internacionais, em relação a 2009, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav ).

O presidente da Abav-MG, José Maurício de Miranda Gomes, avalia que há um crescimento mais organizado do setor. “Saímos do aluguel de casas para um turismo mais estruturado”, diz. Segundo ele, em Minas, o crescimento das vendas de pacotes nacionais, em 2010, seguiu o ritmo nacional, com alta de 21% frente a 2009.

Gomes avalia que os consumidores estão sabendo aproveitar as facilidades de crédito ofertadas, uma vez que o preço e as condições de pagamento são melhores quando a compra é feita com antecedência. Em média, um pacote turístico pode sair até 10% mais barato se comprado antecipadamente.

Graças ao crescimento do consumo das classes C e D, a Master Turismo contabiliza um aumento de 30% no faturamento de 2010, em relação a 2009. O diretor-presidente da agência, Fernando Dias, ressalta que as vendas para esse público corresponderam a 40% da receita apurada no ano passado.

Na Ibiza Turismo, as vendas para a classe média emergente tiveram um incremento de 20% em 2010, se comparado ao ano anterior. De acordo com a proprietária da agência, Ana Cristina da Silva, na unidade do Shopping Cidade, cerca de 60% dos pacotes comercializados são direcionados a esse público.

O aumento do poder econômico dos consumidores emergentes também deve impulsionar a comercialização de pacotes turísticos nacionais e internacionais na CVC. A empresa estima um incremento de 25% entre o mês passado e o Carnaval deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A CVC informou que espera atender a 600 mil turistas somente nessa alta temporada.

As agências de viagens, porém, não são as únicas beneficiadas com o aumento dos gastos das classes C e D com turismo e lazer. As companhias aéreas também estão de olho nesse novo filão. Para conquistar uma fatia maior desse público, a TAM tem apostado na oferta de voos em horários alternativos. Os preços são de 15% a 20% mais baratos se comparados aos dos voos em horários convencionais.

A estratégia surtiu efeitos. Pesquisa de Segmentação da TAM realizada pela Ipsos em 2009 aponta que, em 2006, 2% dos passageiros transportados pela companhia pertenciam à classe C. No acumulado de 2010, esse público corresponde a 6% do total de clientes da TAM. A empresa aérea informou que o objetivo é ampliar essa participação para 17% nos próximos cinco anos.

Nordeste é o novo sonho de consumo

O aumento do poder econômico da classe média emergente provocou uma mudança natural na escolha dos destinos turísticos por parte desses consumidores. Antes, viajar de ônibus para a casa de familiares ou para praias do litoral do Espírito Santo e do Rio de Janeiro eram as opções mais comuns, principalmente na alta temporada.

Hoje, o Nordeste é o sonho de consumo dos turistas mineiros das classes C e D. Cidades como Natal (RN), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Maceió (AL) entraram para a lista dos destinos mais procurados pelos consumidores emergentes.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens no Estado de Minas Gerais (Abav-MG), José Maurício de Miranda Gomes, a possibilidade de parcelar o pagamento em muitas vezes permite que esse público, hoje, escolha o destino que deseja. Para o diretor-presidente da Master Turismo, Fernando Dias, o mercado está começando a perceber a força desses consumidores. Segundo ele, tradicionalmente, esse público viaja uma vez ao ano. Dias estima que dos 400 mil turistas que viajaram pela agência em 2010, 50% já pertencem à classe C.

Mesmo com a ampliação das vendas de pacotes aéreos para a classe média emergente, o turismo rodoviário também encerrou 2010 com saldo positivo em relação a 2009. Conforme o presidente da Abav-MG, o segmento fechou o ano com um crescimento de cerca de 7% em comparação com o ano anterior. Ele frisa que muitas empresas do setor aproveitaram o bom momento para renovar a frota de ônibus.

Na avaliação de Gomes, outros motivos além do aumento do poder de consumo das classes C e D contribuíram para o aquecimento do setor em 2010. “O ano de 2009 foi atípico. Ainda estávamos sob os efeitos da crise econômica mundial e a ameaça de uma epidemia de gripe suína também impactou negativamente o setor”, explica.

Dólar em queda amplia pacotes ao exterior

Se antes as viagens internacionais estavam limitadas a um público seleto, com a valorização do real frente ao dólar, os pacotes para o exterior ficaram mais baratos. A mudança permitiu que as operadoras de turismo oferecessem produtos mais econômicos, que têm atraído, sobretudo, consumidores da classe C.

A Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) estima que o balanço de 2010 ante 2009 contabilize incremento de 12% a 15% nas vendas de roteiros internacionais. Conforme a entidade, cerca de 10 milhões de brasileiros viajaram para o exterior no ano passado. O diretor de Assuntos Internacionais da Abav, Leonel Rossi Júnior, diz que o turista de primeira viagem que busca um destino internacional geralmente procura lugares mais próximos ou familiares como Argentina, Chile e Portugal.

Já o presidente da Abav-MG, José Maurício de Miranda Gomes, lembra que, antes, os pacotes internacionais eram vendidos em dólar e acabavam pesando no bolso do consumidor. Hoje, o parcelamento é feito em real, o que tornou o produto mais acessível. Gomes estima que, em Minas Gerais, as vendas de roteiros turísticos para o exterior no ano passado tenha ficado em 21% frente a 2009, acima, portanto, da média nacional. Segundo ele, o crescimento superior ao verificado no Brasil deve-se ao fato de o Estado ter recebido novos voos internacionais.

Na Master Turismo, a comercialização de pacotes turísticos para o exterior aumentou 40% em 2010, em relação a 2011. De acordo com o diretor-presidente da agência de viagens, Fernando Dias, os destinos mais procurados foram América do Sul, Estados Unidos e Caribe. Ele informa que 30% das vendas foram destinadas a consumidores das classes C e D. “Em 2005, esse percentual era de 10%”, frisa.

O presidente da Abav-MG salienta que, com a ascensão da classe média emergente, os turistas das classes A e B, já acostumados com esses roteiros, têm buscado destinos alternativos, como países da Europa Oriental e Ásia. “É uma cadeia. Quem utilizava o transporte rodoviário passou a viajar de avião e quem já conhece o Nordeste e países da América Latina, passou a optar por lugares mais exóticos”, explica.

2 comentários:

  1. Com base em estudos feitos pelos especialistas e em informações passadas pelos responsáveis da companhia aérea a classe C e D estão cada vez mais inclusas na sociedade. O movimento começou no ano passado quando o acesso facilitado ao crédito e a ampliação de renda permitiram que muitos brasileiros tivesse sua primeira viagem de avião. O fato de poder parcelar passagens aéreas e os preços promocionais de pacotes turísticos nacionais permitirá que pessoas da classe média emergente se incluam nessa sociedade. Esse percentual vem aumentando cada vez mais, por isso o investimento em turismo está em alta, pois as cidades estão aproveitando essas oportunidades para se estruturarem e fazer movimentar a economia regional lucrando com esses investimentos.

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  2. Isso tudo que você escreveu já está dito na reportagem...

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